Resumo do livro o Sagrado e o Profano
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO NORTE
DISCIPLINA: RELIGIÃO
PROFESSORA: AUGUSTA
ALUNO: UMILA MORAIS
NATAL
2014
A ideia de Mircea Eliade aborda o fenômeno do
sagrado e profano em toda sua problemática, inicia da definição primordial da
oposição entre sagrado e profano; desenvolve assim aprofundamento do tema e
apresenta em seus estudos essa problemática religiosa navegando pelos anais da
história da humanidade. Segundo ele, o conhecimento do sagrado se faz
justamente em suas manifestações pelo viés hierofânico, ou seja, dar a conhecer
através das realidades sagradas, que não fazem parte do mundo homogêneo, se
revelando assim, tais manifestações ao homem religioso. A história esta cheia
de considerações sobre comentários de hierofanias.
O autor Romeno pondera que diante das hierofanias o homem moderno passa por
certo mal-estar, constrangimento, por não compreender totalmente como um objeto
revela o divino e vice-versa, por não ser sensível a dois modos de ser no
mundo, sagrado e profano, o homem moderno dessacralizado, dessacraliza as
manifestações sagradas permanecendo em posição desconfortante existencialmente.
As posições existenciais, sagrado/profano, assumidas pelo homem ao longo da
história, são conquistas humanas e assim patrimônio da cultura universal.
Em relação ao espaço sagrado/profano, nota-se que a construção do sagrado esta
fincada qualitativamente, diferentemente em relação ao espaço profano que o
cerca revelando múltiplas variações e diferenças históricas significativas e de
extrema relevância para a compreensão dos fatos religiosos; e quão interessante
é abordar dimensões específicas da experiência religiosa, apontando diferenças
em relação à experiência profana - que no decorrer da história o comportamento
humano tanto o religioso quanto o não religioso estão intrinsecamente
conectados ao “homo religiosus”, a humanidade e seu desenvolvimento histórico.
Concernente ao Espaço
Sagrado e a sacralização do muno Mircea Eliade trata do espaço vivencial do
homem analisando o espaço sagrado/profano e suas consequências. O primeiro
(espaço Sagrado) é o centro, fortaleza que revela um “ponto fixo”,
“referencial” para o homem religioso e partindo desse referencial todo resto
será a extensão desse espaço sacralizado. Percebe-se a perspectiva espacial não
– homogêneo nessa situação, pois é justamente o ponto chave da visão do homem
religioso em relação ao espaço. Ele, o espaço, possui roturas causadas por
hierofanias que revelam o ponto inicial de todas as coisas, a manifestação
divina é dada numa experiência primaria de espaço não – homogêneo, hierofânico
“fundante do mundo”, possibilitando a partir desse eixo central toda a
orientação futura de si mesmo e do mundo. É a fundação ontológica do mundo causada
pela hierofania e orientação para o homem religioso, trazendo para ele, esse
“ponto fixo” valor existencial. No segundo caso (espaço Profano) na extensão
homogênea não há a possibilidade de referencial no sentido religioso, pois o
espaço para o homem não-religioso é dessacralizado, não há “ponto fixo”,
“centro”, “absoluto” transcendente. O mundo é o que é, digo, o não-religioso
recusa a sacralidade em sua existência profana, recusando toda perspectiva
religiosa. Mantém a homogeneidade, portanto a relatividade do espaço, sem
orientação “verdadeira”, não goza de estatuto ontológico único se movendo
forçado pelas obrigações de toda existência de um universo fragmentado.
Entretanto, Eliade traz a luz de suas pesquisas que o homem não-religioso não
aboliu completamente todos os traços do comportamento religioso. Mesmo no
espaço profano existem valores que remontam a não – homogeneidade da
experiência religiosa de espaço. Espaços e momentos que o homem não-religioso
constrói, participa que para ele se tornam locais e momentos de qualidade
excepcional “única”. Para o autor surge daí lugar, momento sagrado do universo
particular do não-religioso, como se nessas situações tivessem a revelação de
outra realidade diferente da existência cotidiana.
Todo espaço sagrado constitui uma hierofania que consagra um lugar pelo próprio
fato de torná-lo “absoluto”, “aberto” para o alto, para a livre manifestação do
divino. A passagem de um mundo profano para o sagrado é possível apenas para o
homem que adentra pela “abertura teofânica” que assegura comunicação com o
mundo divino. O sinal mais importante dessa experiência é a passagem pelo ponto
paradoxal que distingui e opõe os dois mundos, a porta, o limiar entre mundo
profano e sagrado. A porta é símbolo e ao mesmo tempo veículo transportador
para a sacralidade, ela evidencia a não-homogeneidade do espaço e é utilizada
na maioria das religiões, como já falamos, para simbolizar comunicação com as
esferas cósmicas, veículo de passagem de um nível a outro sacralizado, a porta
é o limiar, baliza, fronteira, sacraliza o lugar e possibilita a separação
entre sagrado e profano.
Consagrar um lugar é repetir a obra dos deuses. O homem religioso com seu
trabalho reproduz a cosmogonia estabelecendo ordem cósmica entre seu território
e o espaço indeterminado, o caos, transformando o último em cosmos. Esse ato de
organizar, santificar o espaço sacralizando-o é afirmar que o mundo do homem
religioso é abertura para o transcendente.
A partir do espaço sagrado e seu trajeto transcendental, por meio de
hierofania, ocorre à rotura dos níveis cósmicos possibilitando a comunicação
entre mundo divino e as regiões inferiores. A comunicação entre as zonas
cósmicas existe na rotura de nível a partir da visão do “nosso mundo” como
“ponto fixo” independente de sua extensão. O “Nosso mundo” é um cosmos
perfeito, uma “imago mundi”. Ressalta que tanto a imagem do universo (imago
mundi), quanto o centro do mundo (axis mundi) podem ser representados ao mesmo
tempo de diversas e múltiplas formas. É bom frisar que a intenção do homem
religioso é posicionar-se o mais próximo possível do centro do mundo, no
“umbigo do mundo”, “pedra angular”, ele quer estar dentro do espaço sagrado
onde há o real por excelência. Nota-se a partir desse olhar que as fabricações
e construções humanas como reflexo da ação do homem, possuem como exemplo de
modelo a cosmogonia, seguindo arquétipos sagrados em vários contextos culturais
onde é evidente a influência do esquema cosmológicos e a mesma encenação
ritualística do trabalho dos deuses.
O mundo do homem religioso situa-se sempre no centro e a partir dessa posição
ele assume a criação do mundo do devir. Posiciona-se como transformador da
morada humana que com a dessacralização do mundo transformou-se em “máquina de
habitar”, assim como todas as outras produções em série do mundo moderno
dessacralizado e científico. Toda comunidade busca imitar a cosmogonia e
assumir a criação do mundo que se deseja habitar. O simbolismo cósmico mostra a
casa/território como uma“imago mundi” situada sempre próxima do “axis mundi”.
Ao repetir o ato cosmogônico o homem religioso insere em sua construção uma
“alma”. Uma das formas de repetir essa cosmogonia é através do Bauopfer, que
são “sacrifícios sangrentos ou simbólicos em proveito de uma construção”,
santifica-a através de rituais de sacrifício que dão alma ao local.
Seguindo essa linha arquitetural cosmogônica tanto o Templo, Basílica e
Catedral são lugares santos por excelência, casa dos deuses e ainda esta maduro
na consciência religiosa a estrutura cosmológica da geometria celeste. No curso
da história o homem experimentou de formas diferentes essa experiência
fundante, mesmo reconhecendo a variedade de experiências religiosas do espaço
afirmam-se elementos de unidade entre elas e a diferença de estrutura que
separa o homem religioso do não-religioso é o comportamento de ambos diante do
espaço e do tempo.
No ultimo capítulo, Existência Humana e vida
Santificada, Mircea Eliade traz a questão do fenômeno religioso para o
comportamento e universo mental do homem, digo, para existência humana. A vida
para o homem religioso detêm uma dimensão cósmica, trans-humana numa relação
imperativa de abertura para o mundo. A existência aberta para o mundo esta
constantemente em comunicação com os deuses e participando ativamente da
santidade do mundo e o santificando. Como exemplos das situações existenciais
do homem religioso e do não-religioso, Eliade, cita os rituais de passagem e
iniciação. Estas situações são interpretadas diversamente e adquirem diferentes
sentidos de acordo com a posição assumida pelo homem diante da binariedade
sagrado/profano.
O homem religioso na completude de sua realidade transcende o mundo,
santificando o próprio real, enquanto que o não-religioso atua dessacraliando o
mundo, negando a transcendência e mesmo que se reconheça como agente da
história, ainda sim, duvida de sua própria existência. Porém Eliade nota que
sendo o não-religioso ser dessacralizador, ele (o não-religioso) só o é porque
o dessacralizado um dia fora sagrado. Nessa linha lógica, segundo o autor, a
maioria dos não-religiosos ainda possui comportamentos religiosos, mesmo sem
consciência desse fato e em nível de base de tal afirmação Eliade cita como
portadores de mitologia o Marxismo e a Psicanálise. Taís comportamentos
religiosos em sua estrutura e memoriais.
Ele possui conteúdo mítico-vivenciais guardados no
inconsciente do homem, são frutos de situações existenciais Mircea Eliade
conclui que “O homem não-religioso teria perdido a capacidade de viver
conscientemente a religião e, portanto, de compreendê-la e assumi-la; mas, no
mais profundo de seu ser, ele guarda ainda a recordação dela, da mesma maneira
que, depois da primeira ‘queda’, e embora espiritualmente cego, seu
antepassado, o Homem primordial, conservou inteligência suficiente para lhe
permitir reencontrar os traços de Deus visíveis no Mundo.” (p.173) Finaliza seu
trabalho de historiador da religião cravando uma abertura para maiores
problematizações no campo de outras ciências, como filosofia, psicologia e teologia.
O autor Romeno pondera que diante das hierofanias o homem moderno passa por certo mal-estar, constrangimento, por não compreender totalmente como um objeto revela o divino e vice-versa, por não ser sensível a dois modos de ser no mundo, sagrado e profano, o homem moderno dessacralizado, dessacraliza as manifestações sagradas permanecendo em posição desconfortante existencialmente. As posições existenciais, sagrado/profano, assumidas pelo homem ao longo da história, são conquistas humanas e assim patrimônio da cultura universal.
Em relação ao espaço sagrado/profano, nota-se que a construção do sagrado esta fincada qualitativamente, diferentemente em relação ao espaço profano que o cerca revelando múltiplas variações e diferenças históricas significativas e de extrema relevância para a compreensão dos fatos religiosos; e quão interessante é abordar dimensões específicas da experiência religiosa, apontando diferenças em relação à experiência profana - que no decorrer da história o comportamento humano tanto o religioso quanto o não religioso estão intrinsecamente conectados ao “homo religiosus”, a humanidade e seu desenvolvimento histórico.
Todo espaço sagrado constitui uma hierofania que consagra um lugar pelo próprio fato de torná-lo “absoluto”, “aberto” para o alto, para a livre manifestação do divino. A passagem de um mundo profano para o sagrado é possível apenas para o homem que adentra pela “abertura teofânica” que assegura comunicação com o mundo divino. O sinal mais importante dessa experiência é a passagem pelo ponto paradoxal que distingui e opõe os dois mundos, a porta, o limiar entre mundo profano e sagrado. A porta é símbolo e ao mesmo tempo veículo transportador para a sacralidade, ela evidencia a não-homogeneidade do espaço e é utilizada na maioria das religiões, como já falamos, para simbolizar comunicação com as esferas cósmicas, veículo de passagem de um nível a outro sacralizado, a porta é o limiar, baliza, fronteira, sacraliza o lugar e possibilita a separação entre sagrado e profano.
Consagrar um lugar é repetir a obra dos deuses. O homem religioso com seu trabalho reproduz a cosmogonia estabelecendo ordem cósmica entre seu território e o espaço indeterminado, o caos, transformando o último em cosmos. Esse ato de organizar, santificar o espaço sacralizando-o é afirmar que o mundo do homem religioso é abertura para o transcendente.
A partir do espaço sagrado e seu trajeto transcendental, por meio de hierofania, ocorre à rotura dos níveis cósmicos possibilitando a comunicação entre mundo divino e as regiões inferiores. A comunicação entre as zonas cósmicas existe na rotura de nível a partir da visão do “nosso mundo” como “ponto fixo” independente de sua extensão. O “Nosso mundo” é um cosmos perfeito, uma “imago mundi”. Ressalta que tanto a imagem do universo (imago mundi), quanto o centro do mundo (axis mundi) podem ser representados ao mesmo tempo de diversas e múltiplas formas. É bom frisar que a intenção do homem religioso é posicionar-se o mais próximo possível do centro do mundo, no “umbigo do mundo”, “pedra angular”, ele quer estar dentro do espaço sagrado onde há o real por excelência. Nota-se a partir desse olhar que as fabricações e construções humanas como reflexo da ação do homem, possuem como exemplo de modelo a cosmogonia, seguindo arquétipos sagrados em vários contextos culturais onde é evidente a influência do esquema cosmológicos e a mesma encenação ritualística do trabalho dos deuses.
O mundo do homem religioso situa-se sempre no centro e a partir dessa posição ele assume a criação do mundo do devir. Posiciona-se como transformador da morada humana que com a dessacralização do mundo transformou-se em “máquina de habitar”, assim como todas as outras produções em série do mundo moderno dessacralizado e científico. Toda comunidade busca imitar a cosmogonia e assumir a criação do mundo que se deseja habitar. O simbolismo cósmico mostra a casa/território como uma“imago mundi” situada sempre próxima do “axis mundi”. Ao repetir o ato cosmogônico o homem religioso insere em sua construção uma “alma”. Uma das formas de repetir essa cosmogonia é através do Bauopfer, que são “sacrifícios sangrentos ou simbólicos em proveito de uma construção”, santifica-a através de rituais de sacrifício que dão alma ao local.
Seguindo essa linha arquitetural cosmogônica tanto o Templo, Basílica e Catedral são lugares santos por excelência, casa dos deuses e ainda esta maduro na consciência religiosa a estrutura cosmológica da geometria celeste. No curso da história o homem experimentou de formas diferentes essa experiência fundante, mesmo reconhecendo a variedade de experiências religiosas do espaço afirmam-se elementos de unidade entre elas e a diferença de estrutura que separa o homem religioso do não-religioso é o comportamento de ambos diante do espaço e do tempo.
No ultimo capítulo, Existência Humana e vida Santificada, Mircea Eliade traz a questão do fenômeno religioso para o comportamento e universo mental do homem, digo, para existência humana. A vida para o homem religioso detêm uma dimensão cósmica, trans-humana numa relação imperativa de abertura para o mundo. A existência aberta para o mundo esta constantemente em comunicação com os deuses e participando ativamente da santidade do mundo e o santificando. Como exemplos das situações existenciais do homem religioso e do não-religioso, Eliade, cita os rituais de passagem e iniciação. Estas situações são interpretadas diversamente e adquirem diferentes sentidos de acordo com a posição assumida pelo homem diante da binariedade sagrado/profano.
O homem religioso na completude de sua realidade transcende o mundo, santificando o próprio real, enquanto que o não-religioso atua dessacraliando o mundo, negando a transcendência e mesmo que se reconheça como agente da história, ainda sim, duvida de sua própria existência. Porém Eliade nota que sendo o não-religioso ser dessacralizador, ele (o não-religioso) só o é porque o dessacralizado um dia fora sagrado. Nessa linha lógica, segundo o autor, a maioria dos não-religiosos ainda possui comportamentos religiosos, mesmo sem consciência desse fato e em nível de base de tal afirmação Eliade cita como portadores de mitologia o Marxismo e a Psicanálise. Taís comportamentos religiosos em sua estrutura e memoriais.
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BIBLIOGRAFIA:
ELIADE, Mircea. “O Sagrado e o Profano – A essência das religiões”.
São Paulo: Martins Fontes, 1995. Tradução: Rogério Fernandes.
BIBLIOGRAFIA:
ELIADE, Mircea. “O Sagrado e o Profano – A essência das religiões”. São Paulo: Martins Fontes, 1995. Tradução: Rogério Fernandes. |
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